LIÇÃO
05
UMA
NAÇÃO SEM TERRA
Por causa dos períodos de seca relatados no capítulo
anterior, muitas famílias se transferiram para o Egito. Essas famílias por serem
numerosas, inclusive a família de Israel, eram chamadas de clã. Esses clãs
perderam tudo para o Faraó, pratas, rebanhos, terras e a própria liberdades
tornando-se servos do Estado egípcio.
Mas, o tema central desse estudo são as
guerras bíblicas, e de acordo com o conceito de guerra inicial é necessário
haver dois povos, ou duas nações em conflito para que seja caracterizada uma
guerra de fato. Até a morte de José, com cento e dez anos, os descendentes de
Abraão só constituíam um clã. Contudo o tempo passou, e com ele as gerações até
que de acordo com a Bíblia: “Os
israelitas, porém, eram férteis, proliferaram, tornaram-se numerosos e
fortaleceram-se muito, tanto que encheram o país.” Ex.1.7. E se
transformaram em uma nação num território de outra nação.
I – MEDIDAS CAUTELARES
Passado cerca de quatrocentos anos desde a entrada do clã
de Israel no Egito, a dinastia, a família que tinha o poder legítimo de
governar aquele país, tinha mudado. A nova dinastia não conhecia a história de
José, e assim os israelitas foram percebidos como uma ameaça ao Estado egípcio
conforme a declaração do próprio Faraó: Temos
que agir com astúcia, para que não se tornem ainda mais numerosos e, no caso de
guerra, aliem-se aos nossos inimigos, lutem contra nós e fujam do país”.
Ex. 1.10. Por isso o monarca determinou algumas medidas para manter o povo de
Israel sob controle do Estado. Foram elas na ordem cronológica:
1. “Estabeleceram, pois, sobre eles
chefes de trabalhos forçados, para oprimi-los com tarefas pesadas. E assim os
israelitas construíram para o faraó as cidades-celeiros de Pitom e Ramsés.”
Ex. 1.11.
2. Tornaram-lhes a vida amarga,
impondo-lhes a árdua tarefa de preparar o barro e fazer tijolos, e executar
todo tipo de trabalho agrícola; em tudo os egípcios os sujeitavam a cruel
escravidão. Ex. 1.14.
3. “O rei do Egito ordenou às
parteiras dos hebreus, que se chamavam Sifrá e Puá:” Quando vocês ajudarem as
hebréias a dar à luz, verifiquem se é menino. “Se for, matem-no; se for menina
deixe-na viver”. Ex. 1.15,16.
4. Por isso o faraó ordenou a todo o
seu povo: “Lancem ao Nilo todo menino recém-nascido, mas deixem viver as
meninas”. Ex. 1.22
A
partir daí a opressão sobre o povo de Deus começou, a situação era terrível,
insuportável, mas apesar do povo fazer aquilo que era obrigado,
inexplicavelmente o povo se multiplicava levando o Faraó a tomar uma medida
desesperada de matar todos os meninos que nascessem. Imagine você ter um filho
nessas circunstâncias...
II – ÀS MARGENS DO RIO NILO
Bom a promessa feita a Abraão em parte já estava
realizada, pois seus descendentes já formavam uma nação e eram mais numerosos
que os egípcios. Mas, será que aquela situação de exploração fazia parte da
promessa? Será que com a morte de todos os meninos as gerações de israelitas
findariam? Claro que não! E o Senhor entrou com providência no meio de toda
aquela desesperança.
Nascera um menino, e seus pais o esconderam dos egípcios
por três meses, até que o Senhor lhes deu uma estratégia. A filha do Faraó se
banhava freqüentemente às margens do rio Nilo, o rio mais extenso do mundo que
corta o Egito de ponta-a-ponta e o responsável por toda a prosperidade agrícola
daquele povo na antiguidade. Então puseram o menino num cesto de junco, um tipo
de madeira, e o lançou nas águas do Nilo enquanto a princesa se banhava.
As
servas da princesa viram o cesto e ouviram o choro do neném pegaram o menino,
embora a princesa reconhecesse que o menino era israelita, teve pena do menino
e não desejou a sua morte. Logo a irmã daquele bebê se aproximou e perguntou se
a princesa não queria que a mãe daquele menino viesse até a presença dela, e
assim sucedeu.
Para
ter certeza de que Deus estava no controle e tinha um plano para aquele menino
está escrito: “Então a filha do faraó
disse à mulher: “Leve este menino e amamente-o para mim, e eu lhe pagarei por
isso”. A mulher levou o menino e o amamentou.” Ex. 2.9
Aquele
menino recebeu o nome de Moisés, que significa salvo das águas, e ele seria o
primeiro líder de Israel, pode-se afirmar que ele seria anos mais tarde o
primeiro general do povo de Deus. Mas, por enquanto, ele era apenas um menino
hebreu adotado pela filha do Faraó e que tinha a permissão oficial de ser
criado em liberdade por seus pais verdadeiros, conhecendo suas origens, sua
língua, sua cultura e principalmente conhecendo o seu Deus, o Deus de Abraão,
Isaque e Jacó, Senhor de todo o universo, Criador dos céus e da terra, digno de
toda a honra, toda glória e todo louvor.
Quando
Moisés já estava criado, ele foi entregue a princesa, e passou a ser educado na
corte egípcia, e assim como seu antepassado José ele conheceu sua língua, sua
cultura, seus deuses, sua culinária, seus costumes, enfim se tornou um egípcio.
III – NEGANDO A HERANÇA
Uma vez quando Moisés já estava adulto, com a identidade
de príncipe do Egito, e mesmo com esse título nunca se esqueceu de sua nação de
origem, ele estava passeando pelas ruas da capital do império e resolveu ir até
onde os hebreus se encontravam, e não gostou nada do que viu, como está escrito
em Êxodo 2.11: “Certo dia, sendo Moisés
já adulto, foi ao lugar onde estavam os seus irmãos hebreus e descobriu como
era pesado o trabalho que realizavam. Viu também um egípcio espancar um dos
hebreus.” E aquelas cenas começaram a incomodá-lo, era o início de algo
maior que ser príncipe bastardo na corte do Faraó, era a semente daquilo que
Deus tinha para sua vida, para sua nação e para todo o mundo, inclusive para
nós evangélicos hoje.
Naquele dia Moisés cometeu um crime, se por acidente ou
não, ninguém pode julgá-lo por isso, mas o fato é que ele se reconheceu como israelita
e foi defender seu irmão hebreu, e para tanto acabou matando aquele capataz
egípcio, e o enterrou dando um fim aquela história. Naquele momento Moisés
negou o seu título de príncipe, negou sua herança.
Com certeza Moisés sabia da condição de servidão que seu
povo vivia, e apesar de ser um príncipe não tinha poder para intervir e mudar
as medidas determinadas pelo Faraó, então ao que tudo indica quis “fazer
justiça com as próprias mãos”, agindo pelo ímpeto natural do ser humano.
No dia seguinte Moisés foi reconhecido por dois
israelitas que brigavam entre si, talvez ele tivesse pensado que ninguém o vira
cometer um homicídio, e naquele momento teve medo de que todo o Egito já
soubesse daquele episódio, e ele estava certo, pois: “Quando o faraó soube disso, procurou matar Moisés, mas este fugiu e
foi morar na terra de Midiã. Ali se assentou à beira de um poço.” Ex. 2.15.
Simplesmente
Moisés fugiu? Pode-se pensar que fugiu como um covarde, só que nós, cristãos
evangélicos, temos que ter convicção não foi a toa que o Senhor permitira a sua
existência, a sua salvação das águas, a sua criação na corte, enfim a sua vida
e tudo que lhe acontecera era plano de Deus.
Como esse estudo é baseado numa perspectiva de guerra e
conhecendo o desenrolar dos fatos que será abordado no próximo capítulo o termo
mais adequado para a atitude de Moisés seria uma retirada. Então ao enxergar
que a situação de servidão israelita no Egito constituía um conflito entre duas
nações, logo já existia uma guerra implícita, camuflada, uma guerra declarada
pelo Faraó e aceita pelos israelitas sem contra-ataque algum. Portanto Moisés
se retirou daquele campo de batalha, pois se permanecesse naquele território
certamente morreria.
IV – DIÁLOGANDO COM
DEUS
Em Midiã Moisés era um forasteiro reconhecido como um
egípcio, pois suas características o identificavam como tal, mas suas atitudes
denunciavam que ele era diferente e não teve problemas, pelo contrário naquela
terra estranha Moisés casou-se, teve filho, aprendeu e exerceu a profissão de
pastor, e ali recebeu a notícia que seu avô de criação, monarca do Egito havia
falecido, e juntamente com essa notícia soube que a servidão israelita
aumentara e seus irmãos hebreus gemiam e clamavam a Deus e conseqüentemente: “Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da
aliança que fizera com Abraão, Isaque e Jacó.” Ex. 2.24
Foi ali naquela terra que Deus e Moisés conversaram pela
primeira vez. E olhe que desde Jacó não se tem registro que o Senhor falara com
um homem. Ele estava com o rebanho de seu sogro nas imediações do monte Horebe,
e ali o Anjo do Senhor se apresentou em forma de uma sarça ardente, isto é, um
fogo que não consumia o combustível, e Moisés movido pela curiosidade se
aproximou e o Senhor o chamou pelo nome duas vezes: “Moisés!Moisés!” e ele
prontamente respondeu: “eis-me aqui” e começou um diálogo sobrenatural – o
homem mortal conversando com Deus, o Todo-Poderoso.
Em Êxodo 3.6 está escrito que o Senhor: Disse ainda: “Eu sou o Deus de seu pai, o
Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó”. Então Moisés cobriu o rosto,
pois teve medo de olhar para Deus. Como não ter medo de olhar para o
Eterno, para Aquele que tem todo o poder em suas mãos?
Foi um diálogo longo e detalhado o Senhor revelou a
Moisés que o clamor do povo Dele tinha chegado aos seus ouvidos e que Ele já
estava respondendo através de uma convocação. O Senhor estava convocando Moisés
para ser o líder da iminente guerra de libertação, Deus estava constituindo
Moisés como general daquele povo. E Moisés, humildemente, se esquivava e
questionava tudo, ele não se via capaz de exerce tal função então: Disse-lhe o Senhor: “Quem deu boca ao homem?
Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o
Senhor? Ex. 4.11.
Então Moisés recebeu a ordem de retornar ao Egito,
procurar seu irmão Arão e fazer tudo aquilo que o Senhor tinha lhe orientado.
Deus tinha avisado que o coração do Faraó se endureceria e não seria fácil
libertar a nação de Israel do jugo e da opressão imposta pelos egípcios. A
tarefa seria difícil, a missão árdua, pois Moisés tinha primeiro que convencer
todos os israelitas que Deus é quem tinha ordenado ele a liderar o povo e que o
mesmo estaria com ele sempre.
O fato de Moisés entender a vontade de Deus obedecendo-o
levou o povo a uma atitude de reconhecimento da grandeza e das misericórdias de
Deus como está escrito em Êxodo 4.31: e
eles creram. Quando o povo soube que o Senhor decidira vir em seu auxílio,
tendo visto a sua opressão, curvou-se em adoração.
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